Na era digital, a HP aposta no papel com nova impressora

São Paulo – Sentado à mesa de um restaurante em São Paulo, Claudio Raupp, CEO da HP no Brasil, é direto. “O papel não vai morrer”, afirma em entrevista exclusiva para a Exame. Nesta quinta-feira (8), a HP lança no Brasil uma nova impressora voltada para atender principalmente o setor corporativo. Chamada de Neverstop Laser, o modelo chega ao varejo no dia 9 de agosto em versões que custam entre R$ 1.499 e R$ 1.899.

O aparelho é comercializado em quatro versões. A mais simples, 1000a, sai por R$ 1.499. A configuração seguinte é a 1000w, tem conexão wireless e custa R$ 1.599. Entre os modelos multifuncionais estão o 1200a, sem Wi-Fi, por R$ 1.799, e o 1200w, com conexão Wi-Fi, por R$ 1.899. “Temos um modelo para cada tipo de consumidor”, diz Raupp.

Equipada com tanque de toner, a novidade foi desenvolvida para atender as necessidades de pequenos empreendedores que precisam de um equipamento eficiente para a impressão de um alto volume de páginas em preto e branco, mas sem os custos elevados de recarga.

E neste ponto, a companhia acertou. O kit de recarga custa a partir de R$ 59,90 e imprime 2.500 páginas. Além disso, é preciso destacar que a substituição dos cartuchos é prática, não necessita de ferramentas e pode ser feita em apenas 15 segundos.

Mercado aquecido

A liderança do mercado de impressoras tem sido um desejo antigo da HP. Pelo menos é o que mostram os esforços da companhia nos últimos anos. Em 2016, a empresa comprou a divisão de impressoras da Samsung por pouco mais de 1 bilhão de dólares. Na época, a área respondia por 1,8 bilhão de dólares do faturamento da empresa sul-coreana.

A aquisição foi importante para reduzir o número de rivais no setor. Segundo dados da consultoria americana Statista, a HP terminou o primeiro semestre do ano passado na vice-liderança do mercado global de impressoras com 22,8% das vendas. A disputa, porém, é acirrada com a Canon, que detém 22,8% do comércio mundial. Brother, Epson e Kyocera seguem na sequência com 11,3%, 10,1% e 7% das vendas respectivamente.

Além disso, a fabricante americana passou a controlar também a Simpress. A empresa brasileira trabalha com a terceirização da impressão. Em 2018, a companhia tinha quase 150 mil impressoras instaladas em clientes do todo o País. “O mercado brasileiro está extremamente maduro neste setor”, afirma Raupp. “O cliente não paga pelo equipamento, mas pela página impressa.”

Mais do que uma estratégia que soa como saudosista ao pensar no papel enquanto a digitalização de documentos bate na porta das empresas, a HP está de olho no momento do mercado. De acordo com dados da consultoria americana IDC, o momento do mercado de impressoras é positivo. O segmento teve alta de 8% no Brasil em 2018 e as vendas somaram 2,36 milhões de unidades.

O mercado corporativo, foco do modelo Neverstop, é o grande comprador. As vendas para a iniciativa privada saltaram 9,8% no ano passado, com 913 mil impressoras vendidas. Já o varejo foi responsável pela compra de 748,7 mil unidades, 28% a mais do que em 2017.

Em termos de receita, as vendas no País somaram faturamento de 727 milhões de dólares entre janeiro e dezembro de 2018, 14,7% a mais do que no mesmo período do ano retrasado.

Vale destacar que o setor já vinha de bons resultados em 2017, quando cresceu 21% por conta da renovação de parque. “Muitos consumidores estavam trabalhando com equipamentos defasados e adiando a troca desde 2016”, afirma Rodrigo Okayama Pereira, analista de mercado da IDC Brasil.

Avaliada nesta quinta-feira (8) em 29,3 bilhões de dólares, a HP viu suas ações despencarem nos últimos anos. A queda de valor de mercado chega a ser superior a 30% desde setembro do ano passado, quando a companhia estava avaliada em 41,9 bilhões de dólares, de acordo com dados da Macrotrends. Resta agora saber se o futuro da HP está em uma folha em branco ou impressa.

Fonte: Exame

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